26 julho 2009

Saudade

Sorri quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristonhos vazios

Sorri quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados doridos

Sorri vai mentindo a sua dor
E ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

Charles Chaplin

20 julho 2009

Amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.

Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam - ou talvez nunca vão saber - que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os.

Vinicius de Moraes

18 julho 2009


Nunca pôde ser uma criança de verdade, ter uma infância alegre e sadia.
Responsabilidades e obrigações exageradas e desumanas
lhe foram impostas desde cedo.
Quando adulto, quis tornar-se um menino, mas,também, não pôde. O Seu
amor e o seu zelo pelas crianças, foram,
irresponsavelmente, confundidos com pedofilia, causando-lhe decepções e prejuízos. Gostava, como todas as crianças, de brincar,passear em carrosséis e montanhas russas, razões pelas quais até comprou um parque de diversões. Sempre judiado, caluniado e explorado. Morreu sem nunca entender e/ou saber que mal teria causado a alguém.

Adeus a uma eterna criança que não pôde sê-la.
Adeus a uma criança que se escondia atrás da fama.
Adeus a um ser humano que nasceu para viver diferente.
Adeus a quem fez a diferença.

Adeus a um poeta da dança.
Adeus a um ídolo de milhões.
Adeus a um frágil pequeno grande homem.
Adeus a uma criança que podia pagar pelos seus sonhos.

Adeus Peter Pan
Adeus menino negro
Adeus jovem pardo
Adeus homem branco.

Adeus à você que foi tudo, para provar
que "NÓS SOMOS O MUNDO"
"NÓS SOMOS AS CRIANÇAS" de um único Pai,
que devemos fazer do mundo
"UM LUGAR MELHOR PARA AS CRIANÇAS DE NOSSAS CRIANÇAS" !

Adeus ao bom menino

Escrito por Álder Teixeira
Ter, 30 de Junho de 2009

Sei que haverá quem diga: - "Há tanto para nos comover, aqui mais próximo... " Não importa. Assumo. Estou comovidíssimo com a morte de Michael Jackson. Era mais novo que eu, mas cresci ouvindo as suas músicas. Ben, o primeiro clássico, ouvíamos à exaustão, eu e um outro Jackson, o nosso Miguel Felipe. I`ll be there, Abc e tantas outras. A sua música, assim, marcou a nossa geração. Lembro de que muitos anos depois, acalentei a primeira paixão embalado pela voz do menino-prodígio. Era On day in your life, que considero, ainda, e sem qualquer fundamentação teórica, a mais bela música pop de todos os tempos. Depois, vieram sucessos grandiosos, na linha de Thriller, que víamos no Fantástico, è época a única via de acesso aos lançamentos do show business internacional.

Penso que, com Michael Jackson, morre muito mais que um fenômeno da música de todos os países (que ele era muito mais que um artista americano), morre um pouco da capacidade de sonhar da minha geração, essa vontade, cedo ou tarde frustrada, de se manter a juventude, em que pesem os cabelos brancos ou, como no meu caso, a sua falta. É como se caísse a ficha: - "Estou ficando velho, não há muito sobre o que sonhar." Sim, acho que é isto. Parodiando Lennon, é como se acordássemos de um sonho. Acabou.

Ao lado desse prodigioso talento para compor e cantar, tinha Jackson uma expressão plástica deslumbrante, com que só se poderia estabelecer paralelos se falássemos de Astaire ou Presley. Com este, aliás, passam a ser imensas as semelhanças de vida e morte.

Uma coisa, no entanto e acima de tudo, ecoa no meu pensamento, agora que Michael Jackson morreu. Como se manteve menino, como não aceitava envelhecer. Se o novo é conjuntural, efêmero, transitório, nele essa lógica foi rompida. A sua imagem era, invariavelmente, a imagem de um garoto, mesmo agora, quando atravessaria a barreira dos 50 anos. A sua aparição trazia sempre a alegria das crianças. Mesmo quando embranquecida a pele, por força de doença ou vaidade ingênua, e os traços fisionômicos eram desfiguração, era menino o rosto que se via por sob as máscaras e os lenços. É que, em Michael Jackson, o tempo era psicológico, metafísico, bergsoniano, não se podia medi-lo pelo passar das horas e dos dias. Daí advinha a jovialidade, o coração infantil.

Com a morte desse artista extraordinário, da figura a um tempo adorada e repudiada do gênio, não exagero ao dizer que morre um estado de espírito em mim e nos de minha geração. Resta-nos, assim, que nem tudo se acaba com a morte de um ídolo, para além do ouvido, abrir a alma ao som de Billie Jean, Beat it, Bad ou, como que de propósito, We are the world, com que se deu a ver ao mundo o quanto era generoso o coração do menino, o seu amor pelos homens de todos os cantos. Como no verso de Um dia em sua vida, "é assim que as coisas são."

Foi Assim Que Mataram Um Sonho

Dinheiro, fama, poder são bens efêmeros, ilusórios. Nada compra a felicidade, porque essa tal felicidade é, provavelmente, apenas um estado de espírito, o resultado de tudo que vamos acumulando pelo caminho a partir do momento em que proferimos o primeiro berro como forma de anunciar a nossa presença no planeta terra. A infância de qualquer indivíduo, o modo como será preparada a criança para o mundo é que aferirão a alma do adulto, a sua ponderação diante dos muitos reverses que experimentará na vida até que volte a ser ninguém.
Michael Jackson nasceu provido de inúmeros talentos e, teoricamente, teria tudo para ser feliz, já que contemplado com o mais divinal de todos esses dons, que era o seu espírito musical. Deu em nada, porém. Não por culpa do garoto, claro, que até se mostrava como o embrião do que poderia vir a ser um adulto afortunado, quando ao lado dos irmãos começou a experimentar o gostinho da fama, e sim pela ambição desmedida daqueles que estavam em volta, que viam ali não um talentoso menino depontando para a arte mais pura, mas tão-somente uma mina de ouro.
E foi assim que começaram a matar aquele projeto de felicidade, para erguerem em seu lugar uma instituição com fins meramente lucrartivos. Foi assim que roubaram de modo perverso a infância de Michael. Foi assim que moldaram a criança ao feitio de um robô gerador de lucros estupendos, que para mais nada haveria de servir mais tarde que não fosse para produzir sucessos avassaladores, bater recordes em cima de recordes, até que viesse a refluir como um disco de cera, num canto qualquer, empoeirado. Foi assim que lhe tomaram a alma. Foi assim que lhe esvaziaram os bolsos e o ridicularizaram no próprio instante em que um envelhecido Michael tentava inutilmente resgatar uma infância que lhe fora arrebatada de maneira vil. Foi assim que o deixaram no escuro até na hora em que exalava o último suspiro.

Por Astolfo Lima

08 julho 2009

MICHAEL JACKSON... ADEUS


"Hoje dia sete de julho de dois mil e nove
Um dia triste no meu e de muitos, no calendário
Ele, um ídolo alguém imortal para o coração diz...
Até um dia para todos".


No silêncio da eternidade ouviram-se os aplausos
De uma multidão que ele não esperava
Ainda era cedo para uma despedida
Muitos o homenageavam com o coração
Outros com ternas e chorosas canções
Pela ultima vez ele estava onde não queria
No centro de um ginásio com todas as atenções
Voltada para ele, que ali, com os olhos fechados
Nada podia ver nem sentir, porque sua alma
Agora liberta se desprendeu da vida
Seguindo em uma viagem que ninguém quer ir
Mas, que todos, nesta viagem um dia vamos seguir
Pode ser de qualquer raça de qualquer cor
Viver mesmo que, no mais escondido dos desertos
Ou mesmo numa floresta, todos vamos provar
Este mistério que é partir, não se sabe para onde
Assim como não se sabe de onde vem nossa alma
O que sabemos é que a vida é muito valiosa
Prova disso que ninguém quer dela se privar
Quer viver, viver e nela se eternizar
Este homem, filho, irmão, pai e criança de coração
Agora está imortalizado, por suas canções
Por sua forma de viver a vida, por sua performance
Que em cada show apresentou
Por momentos de glórias e de pesadelos
Tudo se transforma diante de cada visão
Prova disso que, ele, se transformou modificando
Por completo sua embalagem de apresentação
Isso não importa, porque ele nunca quis e não poderia
Trocar sua alma muito menos seu coração
Portanto a embalagem pode ser importante para o comercial
Mas jamais para alguém tão especial quanto você...
Michael Jackson

ângela lugo