25 novembro 2008

Amor sem reservas




Quando tu chegas
Com olhar travesso
Sei que me desejas
Quase enlouqueço!
Sinto um vislumbre
De aroma de madeira
Sei... É seu perfume
Que já me incendeia...
Tu me tomas pelo braço
Com força e paixão
Em ti me desfaço
Quase perco a razão!
Vamos agora saciar
Essa nossa saudade
Com sede poder beijar
Pra matar a vontade...
Beijo teu corpo inteiro
Com dengo e malícia
Debaixo do chuveiro
Que é pura delícia!
Vou te satisfazer
Com muito amor
Tudo eu irei fazer
Sem qualquer pudor...

19 novembro 2008

Não se traia!


Eu fico pensando nestas pessoas que se sentem traídas. Essas pessoas que foram enganadas ou largadas. Porque este sentimento pode ser o começo de um buraco muito fundo de auto-piedade.Cuidado você, que está deste jeito que eu estou falando, porque o sofrimento pode ser muito grande!Nada como estar por baixo, para querer ficar por cima, sair-se melhor, mostrar que pode mais. O sentimento de ser traído, no fundo, no caroço dele, é uma grande sensação de não ter valor. De ter sido preterido. Um golpe no orgulho. E esta sensação de menos valia não se acaba por se atacar os outros, como as pessoas costumam fazer. É preciso entender esta sensação, agir sobre ela.As pessoas que são traídas são pessoas que esperaram demais. Apostaram demais. Se enganaram.Quer coisa mais comum, neste mundo em que vocês estão, do que enganar-se com as pessoas? Ora: se quase ninguém tem coragem de ser si mesmo! Se está todo mundo tentando agradar, parecer melhor que é! Então, as pessoas são traídas por seus erros de avaliação. Por suas expectativas. Não pelo outro.Cada homem ou mulher tem sua natureza e age segundo ela. É claro que esta natureza é mutável, mas ela é o que é. Se uma mulher é asseada por natureza, ninguém estranha que a sua casa esteja sempre brilhando e perfumada. Se um aluno é quieto por natureza, ninguém na classe estranha ele estar calado. Se uma pessoa é indiscreta, por que você estranha que ela revele o seu segredo? Porque você não viu como ela, de fato, era…Mas a sensibilidade para perceber a verdadeira natureza das pessoas é algo que vocês ainda têm que desenvolver, porque vocês se prendem mais à superfície, aos modos, às palavras, que à verdadeira intenção.Vocês não são traídas, ou traídos por fulano ou sicrana. Vocês são traídos pelas suas ilusões, pelos seus devaneios. Se você confiou uma grande tarefa a alguém que era muito fraco para levá-la adiante, quem errou mais, você ou ele?Então, chegamos ao ponto de saber quem falhou mais: o outro, porque não tem condições de ser como você gostaria e só agiu como é o padrão dele, ou você, que estava numa ilusão?Agora: o fato do outro ser desleal faz com que você encare a realidade de que você não tinha, para ele, a importância que imaginava. Ora, pois, se quando ele pôde, ele foi justo fazer o que você não queria!Mas pense bem e veja se foi você ou ele o maior responsável.E onde eu queria chegar com tudo isso era na conclusão de que não adianta você ter importância pros outros, se não se sente importante em si mesmo, ou mesma. Se você depende da atitude dele pra se posicionar diante de si e se acha pequenininha só pelo que o outro fez, eu pergunto:- Que importância tem você pra VOCÊ?(Use um tempo pra pensar nisso)
A verdade é que a vida tem de seguir seu curso, e quanto menos ficamos estacionados em confusões e rixas, melhor pra todos.Seja inteligente e aprenda com isso.Se você atrai para seu convívio pessoas com estas tendências, não será por alguma razão mais séria? Não será por suas atitudes? Não será por este desespero de ter que confiar em alguém, que faz com que você vá confiando em qualquer um? Não será por ter tão pouca confiança em si, que acaba investindo sua fé nos outros e quebrando a cara? Já sei: você não confia em si, porque se traiu. Você se enganou. você brincou com a sua verdade. Você pisou nos seus sentimentos pra ser bonitinha pros outros. Você desistiu de tudo que mais queria, não é? Você deixou de lado suas qualidades mais caras.Tem razão: eu também não confiaria em alguém assim…Mas nada acontece perto de nós ou conosco que não seja pra nos acordar, pra nos sacudir, pra nos fazer perceber a verdade. Não será uma chance que a vida está lhe dando para você confiar mais em você, sendo alguém mais confiável?
Pense no que Calunga aqui disse para você e não se engane mais, não se traia.

A sua felicidade não é a minha


No mais recente livro de Carlos Moraes, o excelente “Agora Deus vai te pegar lá fora”, há um trecho que uma mulher ouve a seguinte pergunta de um major: “Por que você não é feliz como todo mundo?” A que ela responde mais ou menos assim: “Como o senhor ousa dizer que não sou feliz? O que o senhor sabe do que eu digo para o meu marido depois do amor? E do que eu sinto quando ouço Vivaldi? E do que eu rio com meu filho? E por que mundos viajo quando leio Murilo Mendes? A sua felicidade, que eu respeito, não é a minha, major.”
E assim é.
Temos a pretensão de decretar quem é feliz ou infeliz de acordo com nossa ótica particular, como se felicidade fosse algo que pudesse ser visualizado. Somos apresentados a alguém com olheiras profundas e imediatamente passamos a lamentar suas prováveis noites insones causadas por problemas tortuosos. Ou alguém faz uma queixa infantil da esposa e rapidamente decretamos que é um fracassado no amor, que esse casamento deve ser um inferno, pobre sujeito.
É nestas horas que me pergunto: mas que sabemos nós da vida dos outros?
Nossos momentos felizes se dão, quase todos, na intimidade, quando ninguém está nos vendo. O barulho da chave na porta, de madrugada, trazendo um adolescente de volta pra casa. O cálice de vinho oferecido por uma amiga com quem acabamos de fazer as pazes. Sentar-se no cinema, sozinho, para assistir o filme tão esperado. Depois de anos com o coração em marcha lenta, rever um ex-amor e descobrir que ainda é capaz de sentir palpitações. Os acordos secretos que temos com filhos, netos, amigos. A emoção provocada por uma frase de um livro. A felicidade de uma cura. E a infelicidade aceita como parte do jogo - ninguém é tão feliz quanto aquele que lida bem com suas precariedades.
O que eu sei sobre aquele que parece radiante e aquela outra que parece à beira do suicídio?
Eles podem parecer o que for e eu seguirei sem saber de nada, sem saber de onde eles extraem prazer e dor, como administram seus azedumes e seus êxtases, e muito menos por quanto anda a cotação de felicidade em suas vidas. Costumamos julgar roupas, comportamento, caráter - juízes indefectíveis que somos da vida alheia - mas é um atrevimento nos outorgar o direito de reconhecer, apenas pelas aparências, quem sofre e quem está em paz.
A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém.
Não se sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e do que ela é capaz de desfazer para manter-se sã.
Toda felicidade é construída por emoções secretas.
Podem até comentar sobre nós, mas nos capturar, só com a nossa permissão.


Martha Medeiros

18 novembro 2008

Amor, Paixão e Amizade


Já falou-se tanto em amor, amizade e paixão...
Que tal falarmos do que não é amor?
Se você precisa de alguém para ser feliz,
isso não é amor,
É CARÊNCIA.

Se você tem ciúme, insegurança e
faz qualquer coisa para conservar alguém ao seu lado,
mesmo sabendo que não é amado,
e ainda diz que confia nessa pessoa,
mas não nos outros, que lhe parecem todos rivais,
isso não é amor,
É FALTA DE AMOR PRÓPRIO.

Se você acredita que sua vida fica vazia sem essa pessoa;
não consegue se imaginar sozinho e mantém
um relacionamento que já acabou só porque não
tem vida própria - existe em função do outro -
isso não é amor,
É DEPENDÊNCIA!

Se você acha que o ser amado lhe pertence;
sente-se dono(a) e senhor(a) de sua vida e de seu corpo;
não lhe dá o direito de se expressar,
de ter escolhas, só para afirmar seu domínio,
isso não é amor,
É EGOÍSMO!

Se você não sente desejo;
não se realiza sexualmente;
prefere nem ter relações sexuais com essa pessoa,
porém sente algum prazer em estar ao lado dela,
isso não é amor,
É AMIZADE!

Se vocês discutem por qualquer motivo;
morrem de ciúmes um do outro e brigam por qualquer coisa;
nem sempre fazem os mesmos planos;
discordam em diversas situações;
não gostam de fazer as mesmas coisas ou ir aos mesmos lugares,
mas sexualmente combinam perfeitamente,
isso não é amor,
É DESEJO!

Se seu coração palpita mais forte;
o suor torna-se intenso; sua temperatura sobe e desce vertiginosamente,
apenas em pensar na outra pessoa,
isso não é amor,
É PAIXÃO!

Agora, sabendo o que não é o amor,
fica mais fácil analisar, verificar o que esta acontecendo
e procurar resolver a situação.
Mesmo que a situação se confunda às vezes para você,
o correto é que avalie a "PRESENÇA" e a "AUSÊNCIA" de seu par na sua vida
e diante do resultado de seus sentimentos irá perceber se algumas
das situações acima são temporárias ou caracterizam definitivamente seu tipo de relacionamento. Porque a convivência faz com que o tempo transforme o que é AMOR em ETERNIDADE, e o que NÃO É AMOR em ÓDIO,ou em NADA!


Meu pai disse-me um dia: Filho... você terá três tipos de pessoa na sua vida:


UM AMIGO: Aquela pessoa por quem você terá sempre uma grande estima,
e com quem você sabe que poderá contar sempre; que bastará você insinuar
que esta precisando de ajuda e a ajuda já estará sendo dada...

UMA AMANTE: Aquela pessoa que faz o seu coração pulsar;
que fará com que você flutue e mais nada importará quando vocês estiverem juntos...

UMA PAIXÃO: Aquela pessoa que você amará, desejará incondicionalmente,
às vezes nem lhe importando se ela lhe quer ou não, e talvez ela nem fique sabendo disso...
Mas, se você conseguir reunir essas três pessoas numa só - pode ter certeza meu filho - Você encontrou a felicidade.

(Augusto Schimanski - 1928/1973)

17 novembro 2008

"Mentira, defesa dos falsos"


Não sei se encaro como doença este tipo de comportamento.
Que se trata de uma grande fraqueza, não me resta a menor dúvida.
O que o portador deste "predicado" se esquece, é a diferença que existe entre a verdade e a mentira.
A mentira é uma história criada, que pode ser premeditada, ou instantaneamente inventada e que por assim ser, quando reindagada, pode ser modificada.
Para cobrir uma mentira, sempre, outras e novas, vão sendo criadas.
Já a verdade é única. É o fato real, que visto, vivido, sabido ou sentido, na memória ficou gravado, podendo ser por muitas vezes repetido, que não altera o seu final.
Tentar sustentar uma mentira,
é ainda mais grave.
É subestimar a inteligência de outro ser, e ferir ainda mais os seus sentimentos.
A mentira se revela nos olhos, transpira nos poros, gagueja a voz e lanceia um coração.
O mentiroso vive em disfarces, tem a mente congestionada, não mostra a cara e encolhe as unhas...
Mune-se deste artifício geralmente em defesa dos seus próprios atos falhos.
Ao ser desmascarada a mentira, são gerados outros doloridos sentimentos,
a decepção e a conseqüente falta de confiança.
Se doença, não saberia dizer...
Será que Freud explicaria?

Soninha Valle
http://www.nancycobo.prosaeverso.net/

13 novembro 2008

Arrependimento...


Se você o sente hoje é porque já sabe que errou...
Se você não o declara é porque seu orgulho lhe calou...
Se você está tentando demonstrar o contrário,
É porque é certeza que seu coração está temerário...
Você sabe que errou e sabe que é justo o seu salário
Por ter feito o mal para quem jamais deveria tê-lo feito...
Hoje se sente só, sem ninguém a quem possa confiar...
E sabe que embora ninguém seja de todo perfeito,
Você errou porque quis de propósito ferir e magoar...
O feitiço virou contra e agora seu coração está vazio...
Dentro de sua alma o que tem é da mentira o frio...
Você está mergulhada nos seus tolos e pobres erros...
Já se perdeu a conta de quantos já lhe fizeram enterros
Sepultando-a de vez em suas vidas e lhe deixando o nada...
Nada de sentimentos, nada de lembranças, apenas desprezo...
Foram-se embora todos e sua garganta está hoje calada...
E não adianta você dizer que em seu coração há algo aceso...
É mentira, a pior mentira possível, mentir para si, covarde...
E você não percebe que a solidão está vindo sem alarde...
E já é assim quando seus olhos se fecham em busca do sono...
Você já sente que à sua volta o que a cerca é o abandono...
Logo, mais cedo do que você imagina isso que há em seu coração,
Que apenas é o prenúncio trágico das lágrimas que lhe virão
Você verá que o que hoje apenas sente como arrependimento,
Tornar-se-á em dor pungente, um intenso e calado tormento...
E assim será pelos anos de toda a sua vida, do seu futuro...
Essa é a verdade sua e de forma triste assim será... Eu juro...

Sandro La Luna
Publicado com autorização do autor.

10 novembro 2008

Fernando Pessoa


Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa, 1931.

07 novembro 2008

As Sem-Razões do Amor


Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.

Eu te amo porque não amo
bastante ou demais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.

Carlos Drummond de Andrade