20 junho 2008

Codinome Beija Flor


Pra que mentir
Fingir que perdoou
Tentar ficar amigos sem rancor
A emoção acabou
Que coincidência é o amor
A nossa música nunca mais tocou...

Pra que usar de tanta educação
Pra destilar terceiras intenções
Desperdiçando o meu mel
Devagarzinho, flor em flor
Entre os meus inimigos, beija-flor

Eu protegi o teu nome por amor
Em um codinome, Beija-flor
Não responda nunca, meu amor
Pra qualquer um na rua, Beija-flor

Que só eu que podia
Dentro da tua orelha fria
Dizer segredos de liquidificador

Você sonhava acordada
Um jeito de não sentir dor
Prendia o choro e aguava o bom do amor
Prendia o choro e aguava o bom do amor

Composição: Cazuza, Reinaldo Arias e Ezequiel Neves

Blues da Piedade


Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêndio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Composição: Roberto Frejat/Cazuza

18 junho 2008

Quando me amei de verdade


Quando me amei de verdade,
compreendi que em qualquer circunstância,
eu estava no lugar certo,
na hora certa, no momento exato.
E então, pude relaxar.
Hoje sei que isso tem nome... AUTO-ESTIMA.
Quando me amei de verdade,
pude perceber que minha angústia,
meu sofrimento emocional,
não passa de um sinal de que estou
indo contra minhas verdades.
Hoje sei que isso é...AUTENTICIDADE.
Quando me amei de verdade,
parei de desejar que a minha vida fosse diferente
e comecei a ver que tudo o que acontece
contribui para o meu crescimento.
Hoje chamo isso de... AMADURECIMENTO.
Quando me amei de verdade,
comecei a perceber como é ofensivo tentar forçar
alguma situação ou alguém apenas para realizar
aquilo que desejo, mesmo sabendo que não é o momento
ou a pessoa não está preparada, inclusive eu mesmo.
Hoje sei que o nome disso é... RESPEITO.
Quando me amei de verdade,
comecei a me livrar de tudo que não fosse saudável...
Pessoas, tarefas, tudo e qualquer coisa
que me pusesse para baixo.
De início minha razão chamou essa atitude de egoísmo.
Hoje sei que se chama... AMOR PRÓPRIO.
Quando me amei de verdade,
deixei de temer o meu tempo livre
e desisti de fazer grandes planos,
abandonei os projetos megalômanos de futuro.
Hoje faço o que acho certo, o que gosto,
quando quero e no meu próprio ritmo.
Hoje sei que isso é... SIMPLICIDADE.
Quando me amei de verdade,
desisti de querer sempre ter razão e,
com isso, errei muitas menos vezes.
Hoje descobri a... HUMILDADE.
Quando me amei de verdade,
desisti de ficar revivendo o passado e
de preocupar com o futuro.
Agora, me mantenho no presente,
que é onde a vida acontece.
Hoje vivo um dia de cada vez. Isso é... PLENITUDE.
Quando me amei de verdade,
percebi que minha mente pode me atormentar e me decepcionar.
Mas quando a coloco a serviço do meu coração,
ela se torna uma grande e valiosa aliada.
Tudo isso é... SABER VIVER!!!

Charles Chaplin

Quando vier me visitar


Quando vier me visitar,
Traga flores,
Muitas delas...
Porém, não me traga apenas flores:
Não se esqueça de juntar a elas
A beleza do seu sorriso,
A ternura do seu olhar,
A força do seu abraço.
O calor dos seus beijos...

Quando vier me visitar,
Traga flores,
Muitas delas...
Mas não esqueça de tirar-lhes
Os espinhos que machucam,
As folhas envelhecidas,
Os galhos secos,
As dores embutidas...

Quando vier me visitar,
Traga flores,
Muitas delas...
Perfumadas, coloridas, alegres:
Todas parecidas com você!

Quando vier me visitar,
Traga você por inteiro...
As flores?
Nem sei se vai precisar!

Débora Bellentani

Paixão


Se é paixão, me nego.
Já resvalei, a alma em pêlo,
nesse áspero despenhadeiro.

Se é paixão, não quero.
Conheço seus espinhos de mel,
sei aonde me conduz
embora prometa os céus.

Se é paixão, desculpe-me, não posso.
Conheço suas insônias
e a obsessão.

Se é paixão me vou, não devo ...
não adianta teus apelos.
Resistirei, porque aí
morri mil vezes.
Paixão é arma de três gumes,
e ao seu corte estou imune.

Se é paixão, me nego
e não receio que me acuses de medo.
Do desvario conheço todos os segredos.

Se é paixão, recuso-me e sinto muito,
pois foi há custo
que saí do labirinto.

( Affonso Romano Sant'Anna )

13 junho 2008

Para minha irmã


A força da nossa amizade vence todas as diferenças.
Aliás, para que diferenças se somos amigas?
Quando erramos nos perdoamos e esquecemos.
Se temos defeitos,não nos importamos.
Trocamos segredos e respeitamos as divergências.
Nas horas incertas, sempre chegamos no momento certo.
Nos amparamos e nos defendemos sem pedir.
Fazemos porque nos sentimos felizes em fazer.
Nos reverenciamos, adoramos, idolatramos, apreciamos e admiramos.
Nos mostramos amigas de verdade,
quando dizemos o que temos a dizer.
Nos aceitamos , sem querer mudanças.
Estamos sempre presente,não só nos momentos de alegria
compartilhando prazeres,mas principalmente nos momentos mais difíceis.

10 junho 2008

Afinidade


A afinidade não é o mais brilhante, mas o mais sutil,
delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente.

Não importa o tempo, a ausência, os adiamentos,
as distâncias, as impossibilidades.
Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação,
o diálogo, a conversa, o afeto no exato ponto
em que foi interrompido.

Afinidade é não haver tempo mediando a vida.
É uma vitória do adivinhado sobre o real.
Do subjetivo para o objetivo.
Do permanente sobre o passageiro.
Do básico sobre o superficial.

Ter afinidade é muito raro.
Mas quando existe não precisa de códigos verbais
para se manifestar.
Existia antes do conhecimento,
irradia durante e permanece depois
que as pessoas deixaram de estar juntas.
O que você tem dificuldade de expressar a um não afim,
sai simples e claro diante de alguém
com quem você tem afinidade.

Afinidade é ficar longe pensando parecido
a respeito dos mesmos fatos que impressionam,
comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras.
É receber o que vem do outro
com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com. Nem sentir contra,
nem sentir para, nem sentir por, nem sentir pelo.
Quanta gente ama loucamente,
mas sente contra o ser amado.
Quantos amam e sentem para o ser amado,
não para eles próprios.

Sentir com é não ter necessidade de explicar
o que está sentindo.
É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou,
quando é falar, jamais explicar:
apenas afirmar.

Afinidade é jamais sentir por.
Quem sente por, confunde afinidade com masoquismo.
Mas quem sente com, avalia sem se contaminar.
Compreende sem ocupar o lugar do outro.
Aceita para poder questionar.
Quem não tem afinidade,
questiona por não aceitar.

Afinidade é ter perdas semelhantes e iguais esperanças.
É conversar no silêncio, tanto nas possibilidades exercidas
quanto das impossibilidade vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto em que parou
sem lamentar o tempo de separação.
Porque tempo e separação nunca existiram.
Foram apenas oportunidades dadas (tiradas) pela vida,
para que a maturação comum pudesse se dar.
E para que cada pessoa pudesse e possa ser,
cada vez mais a expressão do outro sob a forma ampliada
do eu individual aprimorado.

(Artur da Távola)

06 junho 2008

Rifa-se um coração


Rifa-se um coração quase novo.
Um coração idealista.
Um coração como poucos.
Um coração à moda antiga.
Um coração moleque que insiste em pregar peças no seu usuário.
Rifa-se um coração que na realidade
está um pouco usado, meio calejado, muito machucado
e que teima em alimentar sonhos, e cultivar ilusões.
Um pouco inconseqüente
que nunca desiste de acreditar nas pessoas.
Um leviano e precipitado,
coração que acha que Tim Maia estava certo
quando escreveu... "não quero dinheiro,
eu quero amor sincero, é isso que eu espero...".
Um idealista...
Um verdadeiro sonhador...
Rifa-se um coração que nunca aprende.
Que não endurece,
e mantém sempre viva a esperança de ser feliz,
sendo simples e natural.
Um coração insensato que comanda o racional
sendo louco o suficiente para se apaixonar.
Um furioso suicida que vive procurando relações
e emoções verdadeiras.
Rifa-se um coração que insiste
em cometer sempre os mesmos erros.
Esse coração que erra, briga, se expõe.
Perde o juízo por completo em nome de causas e paixões.
Sai do sério e, às vezes revê suas posições
arrependido de palavras e gestos.
Este coração tantas vezes incompreendido.
Tantas vezes provocado. Tantas vezes impulsivo.
Rifa-se este desequilibrado emocional que,
abre sorrisos tão largos que quase dá pra engolir as orelhas,
mas que também arranca lágrimas e faz murchar o rosto.
Um coração para ser alugado,
ou mesmo utilizado por quem gosta de emoções fortes.
Um órgão abestado
indicado apenas para quem quer viver intensamente e,
contra indicado para os que apenas pretendem passar pela vida
matando o tempo, defendendo-se das emoções.
Rifa-se um coração tão inocente
que se mostra sem armaduras e deixa louco o seu usuário.
Um coração que quando parar de bater
ouvirá o seu usuário dizer para São Pedro
na hora da prestação de contas:
" O Senhor poder conferir", eu fiz tudo certo,
só errei quando coloquei sentimento.
Só fiz bobagens e me dei mal
quando ouvi este louco coração de criança
que insiste em não endurecer e, se recusa a envelhecer".
Rifa-se um coração, ou mesmo troca-se por outro
que tenha um pouco mais de juízo.
Um órgão mais fiel ao seu usuário.
Um amigo do peito que não maltrate tanto o ser que o abriga.
Um coração que não seja tão inconseqüente.
Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que,
ainda não foi adotado, provavelmente,
por se recusar a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio, sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar, mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence seu usuário
a publicar seus segredos e, a ter a petulância
de se aventurar como poeta.

Clarisse Lispector

04 junho 2008

Qual é...


Qual é...

O dia mais belo?
-Hoje...
A coisa mais fácil?
-Equivocar-se...
O maior obstáculo?
-Medo...
O maior erro?
-Abandonar-se...
A raiz de todos os males?
-Egoísmo...
A distração mais bela?
´-Trabalho...
A pior derrota?
-Desalento...
Os maiores professores?
-Crianças...
A primeira necessidade?
-Comunicar-se...
O maior mistério?
-A morte...
A coisa mais feliz de se fazer?
-Ser útil aos demais...
O pior defeito?
-O mau humor...
A pessoa mais perigosa?
-A mentirosa...
O pior sentimento?
-O rancor...
O presente mais belo?
-O perdão...
O mais imprescindível?
-Orar...
O caminho mais rápido?
-O correto...
A sensação mais grata?
-A paz interior...
A expressão mais eficaz?
-O sorriso...
O melhor remédio?
-O otimismo...
A maior satisfação?
-O dever cumprido...
A força mais potente do universo?
-A fé...
As pessoas mais necessárias?
-Os pais...
A coisa mais bela de todas?
-O amor...

( Madre Teresa de Calcutá )

Demasiada Emoção


Há entre nós uma demasiada emoção;
tal é o motivo do que tem havido!
Toma um bocado de argila,
molha-a, amolda-a,
e faz uma imagem minha
e uma imagem tua.
Toma-as então,
rompe-as e adiciona-lhes
um pouco de água.
Transforma-as de novo
em uma imagem minha
e uma imagem tua.
E então,
haverá na minha argila
alguma coisa da tua.
E na tua argila
alguma coisa da minha.

( Linyutang )

Gostoso demais


Tô com saudade de tu, meu desejo
Tô com saudade do beijo e do mel
Do teu olhar carinhoso
Do teu abraço gostoso
De passear no teu céu

É tão difícil ficar sem você
O teu amor é gostoso demais
Teu cheiro me dar prazer
Quando estou com você
Estou nos braços da paz

Pensamento viaja
E vai buscar meu bem-querer
Não dá prá ser feliz, assim
Tem dó de mim
O que eu posso fazer.

Composição: Nando Cordel/Dominguinhos

A vida está nos olhos...


É preciso a certeza de que tudo vai mudar;
É necessário abrir os olhos e perceber
que as coisas boas estão dentro de nós:
onde os sentimentos não precisam
de motivos nem os desejos de razão.
O importante é aproveitar o momento
e aprender sua duração;
Pois a vida está nos olhos
de quem sabe ver ...
Se não houve frutos,
valeu a beleza das flores.
Se não houve flores,
valeu a sombra das folhas.
Se não houve folhas,
valeu a intenção da semente.

( Henfil )